ENCOURADOS DA INDEPENDÊNCIA
Em 12 de outubro de 1822, Frei Brayner enviou um requerimento ao Conselho Interino de Cachoeira-Bahia, para oferecer os seus serviços à pátria, daí passou a residir em Pedrão. Frei Brayner, confessa no seu requerimento dirigido a Junta de Cachoeira, que ouvindo ler-se à tropa de cavalaria um ofício do Coronel Bento Lopes, no qual não só convocava a tropa de cavalaria como também o povo daquele lugar para aclamar na Vila de Santo Amaro ao Sr. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente e Defensor Perpétuo do Brasil, ele imediatamente se oferecera com maior alvoroço de alegria, mas o Capitão Miguel Mendes a quem foi mandada aquela comissão, não quis que o suplicante marchasse pelo estado atual em que estava a saúde: fazendo ver ao dito Coronel os seus ardentes desejos, protestando que apenas melhorasse se iria oferecer para todo e qualquer serviço que a "Mãe Pátria" precisasse estivesse em sua capacidade, o que assim praticou apresentando-se e oferecendo-se ás autoridades constituídas da Vila de Santo Amaro, e ao mesmo Coronel na Vila de São Francisco, fazendo-lhes ver o seu amor patriotismo e adesão à santa, causa, agora também o faz a este Exmo. Conselho do Governo Interino desta Província e não só o suplicante como também voluntariamente unidos a ele quarenta indivíduos que formaram uma guerrilha chamada “Voluntários de Pedrão”.
Aos 22 de outubro de 1822, o Conselho Interino de Cachoeira tomou conhecimento desta grande iniciativa e comunicou-lhe imediatamente o seu contentamento diante da grande prova de patriotismo, porém não deferiu a petição que almejava a formação da guerrilha, uma vez que estavam aguardando, em breve a chegada do Exmo General Labatut a quem hierarquicamente deveriam obedecer, sobre formação de novos corpos armados, ficando o Conselho na lembrança de empregar meios para tal fim.
Em 04 de novembro do mesmo ano, o Conselho Interino expediu circular ordenando a organização da guerrilha, conforme plano proposto, e que marchasse imediatamente para a Vila da Cachoeira a fim de receber as últimas ordens e os destinos a seguir, e que fossem armados de espingardas.
Em 29 de novembro, o General Labatut, através de ofício dirigido ao Conselho, solicitou a remessa da Companhia do Frei Brayner, para o Quartel General, localizado no Engenho Novo, no Recôncavo.
Em 5 de dezembro, o Conselho Imperial dirigiu ao Frei José Brayner, novo ofício que declarava desejar fazer marchar "Os Voluntários de Pedrão" para o Quartel General e se integrar como um corpo de tropas, desejo esse, que o Frei Brayner ao ler o ofício já sentiu como se fosse exigência, uma vez que o mesmo ordenava que se aprontasse de imediato para marchar logo no outro dia, ou seja, no dia 6 de dezembro, impreterivelmente. Levando os voluntários da guerrilha, juntamente com os Voluntários da Comarca do Sul, lá iriam se apresentar ao General a fim de receberem seus destinos, inclusive levando os couros, as fardas e as fardas que ainda estavam para se fazer para concluírem seu feitio no Quartel General, sem precisar levar armamentos de Clavina. E que o mesmo requeresse aos inspetores de Trens o que fosse necessário para a inteligente execução.
Os Voluntários de Pedrão, que lutaram pela causa da nossa independência, sob o comando do Frei Brayner, adotaram como farda as vestes de couro , com o seguinte regulamento:
O seu uniforme em marcha:
Chapéu de couro com uma chapa de latão oval, ao centro dessa a letra "P" e acima da letra urna coroa real, a túnica de couro (gibão), da cor que sai do curtume com canhões e gola do mesmo, porém preto; algibeiras com um palmo de comprimento e botão que feche, as quais servirão de patronas:
Calças de algodão branco: surrão ou saco às costas: clavinas espingardas ou bacamartes: espadas, parnaíbas ou facas grandes e facas pequenas, à cavalo ou de pé, calçado ou descalço, segundo as circunstâncias o exigirem.
O uniforme fora de marcha:
Opcionalmente, chapéu branco de copa fabricado artesanalmente, com a mesma chapa; fradeta de algodão de qualquer fazenda azul escuro, com gola e canhões de couro com a mesma cor que saía do curtume, as dragonas eram do mesmo couro da gola e canhões cuja base ficava unida à gola e o seu ápice no fim do mbro, pregado com botão, colete e calças de qualquer tecido de algodão branco.
Foram alistados trinta e nove homens, formando quarenta com seu comandante. Todos, homens do campo, sendo dezenove casados e vinte solteiros, que abandonaram seus lares e famílias e seguiram para o campo de luta. O Comandante destes homens foi o Frei Brayner.
Trecho do Livro “PEDRÃO HISTÓRIA E ESTÓRIAS” de autoria do poeta pedronense Jorge Galdino - Fonte de informações: INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA